Teoria Cognitiva Social

1 Teoria Cognitiva Social Bridging Social Cognitive Theory and Expectancy-Value Theory

Teoria cognitiva social e teoria do valor de expectativa são duas teorias que abordam o desenvolvimento da motivação humana. Partilham muitas semelhanças nas suas construções e explicações. Além disso, as duas teorias complementam-se mutuamente, cada uma abordando certos processos com mais profundidade do que a outra teoria.

Ao comparar as duas teorias, Bandura (1997) contrastou a construção da teoria cognitiva social de auto-eficácia com a construção da teoria do valor-esperança de expectativas de sucesso. De acordo com a sua interpretação, as expectativas de eficácia referem-se às percepções das pessoas sobre as suas próprias capacidades, enquanto as expectativas de sucesso na teoria do valor-esperança referem-se às crenças das pessoas relativamente à eficácia de determinadas acções (expectativas de resultados). No que diz respeito a este último tipo de crença, as pessoas podem acreditar que certas acções conduzirão ao sucesso num domínio (expectativa de resultados), mas não se consideram necessariamente capazes de tal acção. No entanto, Wigfield e Eccles (2000) contestaram esta interpretação. Eles viam a expectativa de sucesso como semelhante à auto-eficácia.

A diferença entre auto-eficácia e expectativa de sucesso reside nos seus respectivos períodos de tempo. A auto-eficácia refere-se às crenças de uma pessoa sobre as suas capacidades actuais num determinado domínio (por exemplo, “Eu sou bom a matemática”). Em contraste, as expectativas de sucesso referem-se ao quão bem se antecipa fazer num domínio no futuro (por exemplo, “espero fazer bem em matemática”). Isto pode ser uma distinção sem uma diferença prática. Eccles e os seus colegas descobriram nas suas próprias pesquisas que as medidas das duas construções estão altamente correlacionadas. Além disso, as análises de factores indicaram que as crenças de capacidade (ou seja, auto-eficácia) e as expectativas de sucesso são consistentemente carregadas em conjunto (ver Wigfield & Eccles, 2000). No entanto, Wigfield e Eccles (2000, p. 74) sustentaram que as crenças e expectativas de capacidade para o sucesso são “teoricamente distintas”, embora “não pareçam ser empiricamente distinguíveis, pelo menos como as medimos”. Contudo, se não foi encontrada qualquer distinção empírica, levanta-se a questão de saber se existe uma validade discriminatória entre as crenças sobre capacidades actuais e os resultados esperados para o sucesso (Campbell & Fiske, 1959; Miller & Pollock, 1995). A semelhança fundamental é que ambos os modelos teóricos enfatizam as crenças das pessoas sobre as suas capacidades (quer simultâneas ou esperadas). Além disso, se os estudos acabarem por descobrir que o horizonte temporal (expectativas de capacidades actuais vs. futuras) importa de alguma forma significativa, esta dimensão poderia ser incorporada como moderador num modelo teórico integrado.

Como argumentei anteriormente, os trabalhos de revisão teórica normalmente salientam as diferenças entre teorias em vez de procurarem colmatar potenciais semelhanças. Como excepção a esta prática geral, Hyde e Durik (2005) sublinharam as semelhanças e áreas potenciais de sobreposição entre a teoria cognitiva social e a teoria do valor de expectativa. Os autores observaram que ambas as teorias enfatizam a importância da socialização, o papel das crenças e escolhas dos indivíduos na orientação das suas acções, e o impacto das crenças relacionadas com a competência. Viram as diferenças entre a teoria do valor de expectativa e a teoria do valor cognitivo social como questões “subtis” de ênfase. A este respeito, Hyde e Durik observaram que as duas teorias “diferem ligeiramente” na forma como caracterizam o valor da tarefa: As crenças relacionadas com a competência (expectativas de sucesso) e as crenças do valor da tarefa são processos independentes que são ambos enfatizados na teoria do valor da expectativa, enquanto que as crenças relacionadas com a competência (auto-eficácia) recebem muito mais ênfase na teoria cognitiva social. Embora a investigação de Bandura durante as últimas duas décadas se tenha centrado principalmente no papel da auto-eficácia (por exemplo, ver Bandura, 1997, 2001), a teoria cognitiva social incorpora o valor da tarefa no seu modelo. A teoria aborda explicitamente os impactos dos incentivos e dos processos de julgamento. Bandura (1986, 1997) postulou que a motivação é afectada por autoincentivos (semelhantes ao valor intrínseco na teoria do valor de expectativa), desincentivos percebidos (semelhantes ao custo na teoria do valor de expectativa), padrões pessoais (semelhantes ao valor de realização na teoria do valor de expectativa), e avaliação da actividade (semelhantes ao valor de utilidade na teoria do valor de expectativa). Estes diferentes componentes são articulados de forma algo diferente nos dois modelos teóricos, mas isso não exclui necessariamente a formulação de uma síntese. De facto, ao rever a sua própria teoria, Eccles observou certas partes do modelo que podem necessitar de revisão (por exemplo, ver Eccles & Wigfield, 2002; Wigfield & Eccles, 2000).

A relação teórica entre as crenças de capacidade e o valor da tarefa pode ser semelhante na teoria do valor de expectativa e na teoria do valor cognitivo social. Como mencionado no resumo anterior da teoria do valor de expectativa, a investigação descobriu que as crenças relacionadas com a competência tendem a moldar os valores das pessoas (ver Eccles & Wigfield, 2002; Wigfield & Eccles, 2000). Contudo, foi também notado anteriormente que o valor da tarefa tende a ser um indicador mais forte da motivação sustentada (por exemplo, escolhas relacionadas com a realização) do que as crenças relacionadas com a competência. Ambas as teorias salientam formas como as crenças relacionadas com a competência e os valores da tarefa estão subjacentes à motivação das pessoas para perseguirem determinados comportamentos em detrimento de outros. Assim, a relação causal entre expectativas de capacidade e valores precisa de ser explorada mais completamente em ambas as teorias; é possível que existam múltiplas formas de relação (por exemplo, o modelo de dupla via na teoria do esquema de género).

Besides destacando semelhanças, Hyde e Durik (2005) sugeriram formas que a teoria cognitiva social e a teoria do valor de expectativa se podem complementar uma à outra. Primeiro, os autores consideraram que uma força relativa da teoria do valor de expectativa é a sua ênfase tanto nas crenças de competência como no valor da tarefa. Consideravam que a teoria social cognitiva se concentrava principalmente nas crenças de competência e prestava pouca atenção aos valores. (Contudo, como já referi anteriormente, ambas as teorias reconhecem o impacto das crenças de competência e dos valores de tarefa – embora configurados de formas algo diferentes nos seus respectivos modelos). Em segundo lugar, Hyde e Durik consideraram uma força relativa da teoria cognitiva social que identifica um conjunto mais completo dos processos que ligam as crenças e acções dos socializadores ao desenvolvimento das crianças. Ambas as teorias incluem o papel da socialização nos seus modelos, mas a teoria cognitiva social tem em conta alguns dos parâmetros específicos que influenciam quando e como os agentes de socialização afectam as crianças. Por exemplo, a teoria cognitiva social aborda a forma como as características sobre os agentes de socialização (por exemplo, saliência, prevalência, valor funcional) e os atributos do observador (por exemplo, capacidades cognitivas, expectativas, preferências) orientam a medida em que as crianças prestam atenção a modelos particulares. Hyde e Durik (2005, p. 378) sugerem que “a adição de processos como estes ao quadro do valor-esperança deve ser útil”

Em resumo, revi algumas formas que a teoria de ponte envolvendo a teoria cognitiva social e a teoria do valor-esperança podem prosseguir. As duas teorias abordam ambas a influência das expectativas e interesses das capacidades na motivação e comportamento das crianças. As duas teorias podem também complementar-se mutuamente com uma teoria que aborda determinados processos com mais detalhe do que a outra teoria.

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