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Resultado das negociações entre o Império Britânico e as derrotadas repúblicas bôeres que terminaram a segunda guerra anglo-boer e criaram a União da África do Sul foram três capitais. O Parlamento reúne-se na Cidade do Cabo, a antiga capital da província britânica do Cabo. A administração estava baseada em Pretória, a capital da república bôer do Transvaal, e o poder judicial estava baseado em Bloemfontein, a capital da outra república bôer – o Estado Livre de Orange.
Na altura da transição da África do Sul em 1994 para a democracia “não-racial”, houve propostas para consolidar todas as funções do governo em Pretória ou, alternativamente, para construir uma capital totalmente nova, seguindo o modelo de Washington, D.C., Camberra, ou Brasília. A ideia foi especialmente popular no seio do Congresso Nacional Africano (ANC) governante. Parte do apelo de uma nova capital era que ela estaria livre de quaisquer vestígios ou símbolos do odiado regime do apartheid. Contudo, havia fortes interesses instalados a favor do status quo, e uma sensação geral de que os custos seriam enormes numa altura em que o novo governo procurava responder a necessidades mais prementes, tais como habitação, água, saúde e educação. Mas, a questão nunca desapareceu, e continua a ressoar no seio do ANC. (Enquanto o Supremo Tribunal de Recurso continua a ter assento em Bloemfontein, o Tribunal Constitucional – de longe o mais importante – tem assento em Joanesburgo.)
Cidade do Cabo Ocidental e a província do Cabo Ocidental são ambos governados pela oposição Aliança Democrática (DA), e são amplamente considerados como as entidades mais bem administradas do país. Além disso, a raça desempenha um papel: o Cabo Ocidental é a única região da África Subsaariana onde os africanos negros não são a maioria da população. (“Coloureds” são o maior grupo racial.) Os sul-africanos dirão frequentemente que a Cidade do Cabo é “branca”, Durban é “indiana”, e Joanesburgo é “africana”. Cidade do Cabo, uma das mais belas cidades do mundo, é também um importante destino turístico.
Não é surpresa que o Presidente Jacob Zuma, no seu recente discurso sobre o estado da nação, tenha pedido ao parlamento para considerar a “consolidação” das funções governamentais em Pretória. O seu argumento foi que seria rentável. Sem dúvida que havia também uma motivação política. A administração de Zuma é largamente criticada por ser financeiramente pródiga e o próprio presidente tem sido excorsionado por gastar dinheiro público na sua propriedade privada, Nkandla. Com as eleições provinciais em seis meses, Zuma e o ANC prefeririam afastar a discussão das suas deficiências financeiras à “poupança” da consolidação das funções governamentais.
Brooks Specter, numa discussão atenciosa no Daily Maverick, destrói o argumento da poupança de dinheiro. Ele nota os enormes custos de construção de novos capitais – bem como os suculentos contratos que daí resultam. (Há uma crítica generalizada à corrupção do ANC em torno dos contratos governamentais). Ele também levanta a interessante sugestão de que uma melhor utilização da tecnologia, especialmente a videoconferência, reduziria significativamente o inconveniente de o Parlamento estar na Cidade do Cabo com o executivo em Pretória.
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