Abstract
Background: A estimulação eléctrica (ES) tem sido amplamente utilizada como um complemento da terapia para reduzir a atrofia e preservar a força muscular em adultos incapazes de levar a cabo uma mobilização activa. No entanto, esta modalidade terapêutica ainda é subutilizada em crianças.
Ambiente: Investigar as evidências de ES em crianças.
Métodos: Revisão sistemática de estudos randomizados através da investigação da Biblioteca Cochrane, SciELO, Pubmed e bases de dados PEDro, até Janeiro de 2017. As palavras-chave utilizadas foram “estimulação eléctrica”, “crianças” e “fraqueza muscular”. A qualidade metodológica foi medida através de RevMan5.
Resultados: Foram incluídos nove trabalhos envolvendo 304 participantes (9,5±8 anos de idade). Predominantemente, a corrente eléctrica utilizada foi a Estimulação Eléctrica Funcional (FES). As sessões de ES foram bem toleradas, sem efeitos adversos. A principal utilização de ES foi nas deficiências neurológicas das crianças (por exemplo, paralisia cerebral). Seis estudos mostraram que o ES combinado com a fisioterapia convencional era mais eficaz em comparação com o SHAM, em espasticidade, equilíbrio e marcha. Não foi relatada a utilização de ES nos músculos respiratórios, contudo, um estudo envolvendo 30 crianças com níveis de lesão C4 a T11 mostrou uma melhoria (P=.035) em VO2 (16,2%+/-25,0%) com combinação de ciclismo e FES.
Conclusão: Não existem directrizes internacionais relativas à terapia de estimulação eléctrica em crianças, mas poucos estudos utilizaram a FES como corrente eléctrica de escolha. Até estarem disponíveis mais provas de estudos randomizados, ES pode ser usado como forma suplementar em disfunções musculares de membros. Além disso, os autores identificaram lacunas na literatura sobre ES a fraqueza adquirida na UCI em crianças gravemente doentes e disfunções musculares respiratórias.